statcounter

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Consentimento sexual é como tomar chá


Toda a gente sabe que os Britânicos adoram chá,e que este foi instituído como um hábito pela Dona Catarina de Bragança quando se tornou rainha consorte por casar um rei por estas bandas.
Ora o hábito pegou e ficou tão instituído que hoje os ingleses explicam o consentimento sexual com recurso a uma analogia com tomar chá.


Numa das sessões da Universidade fizeram-nos ver este vídeo. O vídeo é uma animação e merece ser visto mesmo pelas pessoas que não dominam bem o inglês porque com os desenhos animados se percebe perfeitamente.

Isto aparece na mesma semana em que leio uma notícia no Observador sobre uma rapariga em Portugal que foi violada quando inconsciente e que em vez de justiça ser feita o juiz considerou que não tinha sido feito um grande dano à rapariga por esta estar inconsciente.


Já eu concordo inteiramente com os ingleses, se alguém está inconsciente "não quer chá", mesmo que quisesse antes...

Ponho aqui o vídeo que alguém devia enviar para o supra citado juiz, além de educativo é uma analogia tão inesperada que se torna super divertida.

Vale a pena ver!!



A Capela

Ontem fui à missa.

É uma das coisas habituais que faço todos os domingos e às vezes durante a semana. Tenho este hábito esteja onde estiver... 

Não acho que a religião seja algo essencial a todas as pessoas, nem sequer que nos faça melhores pessoas, mas acredito que todas as religiões incutem bons princípios e que nos dão um sentido de pertença e de apoio muito facilitador sobretudo em momentos menos bons. 

Para mim contudo a religião é algo essencial. Acredito em Deus, sou católica por educação e isto mune-me deste sentido de pertença que muitas vezes uso como suporte para me levantar nas alturas mais difíceis da minha vida.

Aqui em Hull existem muitas igrejas e crenças diferentes. Existem também uma igreja e uma capelinha católicas pertinho da Universidade onde eu fui pelos dois domingos passados. Ontem fizeram lá uma festa de acolhimento aos estudantes católicos.

Foi engraçado, fomos à missa, jantámos na casa do Padre que tem a capelinha dentro e  que organiza estes convívios. Foi giro ver pessoas, de tantos sítios diferentes, que se sentiam deslocadas encontrarem ali um lugar seu. Falei com uma rapariga que nunca tinha saído da Nigéria e agora cá estava a começar o mestrado, um rapaz da Catalunha que como eu tinha trabalhado alguns anos antes de se decidir a vir para cá continuar a formação, um rapaz Indiano que vivia em Birmingham desde criança, estudantes que se mudaram de Londres. E ali mesmo a religião serviu como uma ponte entre culturas, raças e educações tão diferentes, em vez de uma barreira.

A maioria de nós talvez nunca tivesse falado se não fosse numa situação assim. Eu sei que as igrejas têm falhas, sei que está profundamente na moda ser anti-religião, sendo no entanto parte integrante das nossas estruturas cerebrais a ideia de crença.

Se fosse há alguns anos eu julgaria que ter ou não ter religião é mais ou menos o mesmo, que no fundo cada um de nós tem de encontrar o que julga ser melhor para si--. Neste momento acredito que acreditar em Deus e ter estes sistemas de apoio (já em Portugal eu sentia um pouco isto, pelos grupos onde participei) nos dá ferramentas muitos úteis a um bom equilíbrio mental, a uma vida mais feliz e em Paz. 

Termino este post dizendo que tem de haver tolerância em relação aos que como nós acreditam mas noutras crenças e em relação aos que não acreditam. 

No meu caso concreto e sendo eu tão católica por educação que se tornou uma grande parte da minha identidade, acabei por escolher um namorado de outra religião. Eu diria que escreve Deus direito por linhas tortas, no nosso caso esta diferença traz situações engraçadas, sobretudo quando ele vai à minha igreja ou eu à dele, mas não nos separa de nenhuma forma, tal como a religião não deve ser usada para separar.



sábado, 22 de setembro de 2018

Anjos no meu caminho

Hoje tive um dia especial.
Desde que vim para cá para Hull estou a tentar conhecer a cidade e apesar de andar triste pelas saudades do meu loiro e da minha família tenho tentado manter-me optimista e ir conhecendo as coisas por aqui. 

Assim, para não me isolar e fechar em casa decidi aproveitar o evento das TedxTalks aqui de Hull e fui.O evento em si foi interessante, como costumam ser quase todas as TedxTalks, foram muitos os palestrantes de temas diferentes e diverti-me. 

Mais tarde decidi passear um pouco pelo centro (eu gosto de caminhar, especialmente quando ando triste ou ansiosa, desanuvia-me dá-me tempo para pensar na vida e mantém-me de bom humor). Nesta caminhada não levava o telemóvel comigo (por esquecimento, acontece-me muita vez) e distraída perdi-me. Fui parar a um sítio um bocado deslocado onde a maior parte das pessoas não falava inglês, entretanto já  preocupada porque começava a ser noite acabei por encontrar uma senhora que num inglês ainda com mais pronúncia que o meu lá me deu as instruções para voltar para onde eu queria. Recomecei o meu caminho de volta, quando passado alguns minutos vejo um carro parar ao pé de mim, era a tal senhora  com o marido e os filhos pequenos que tinha ido buscar à natação,  decidiu dar-me boleia e trazer -me de volta para perto da Universidade. 
Era da Eslóvenia, estava a estudar cá enfermagem e foi super simpática. Disse-me que sabia bem o que era estar num sítio diferente e foi um autêntico Anjo.

Em Coimbra também já me aconteceu semelhante uma vez, quando eu procurava os correios ao pé de minha casa.

Acho que é por isso que por norma me sinto bem onde quer que vá, posso não gostar do sítio, mas das pessoas em geral é fácil de gostar. Acho que como humanidade não somos grande coisa, mas que como pessoas individuais na grande maior parte dos casos somos bons e admiráveis. Hoje este gesto de bondade fez o meu dia, fez-me sentir que afinal talvez esteja no sítio certo, porque o que faz os sítios bons ou maus são as pessoas que neles habitam.





quarta-feira, 19 de setembro de 2018

See It Through

See It Through
When you’re up against a trouble, 
    Meet it squarely, face to face; 
Lift your chin and set your shoulders, 
    Plant your feet and take a brace. 
When it’s vain to try to dodge it, 
    Do the best that you can do; 
You may fail, but you may conquer, 
    See it through! 

Black may be the clouds about you 
    And your future may seem grim, 
But don’t let your nerve desert you; 
    Keep yourself in fighting trim. 
If the worst is bound to happen, 
    Spite of all that you can do, 
Running from it will not save you, 
    See it through! 

Even hope may seem but futile, 
    When with troubles you’re beset, 
But remember you are facing 
    Just what other men have met. 
You may fail, but fall still fighting; 
   Don’t give up, whate’er you do; 
Eyes front, head high to the finish. 
    See it through!




terça-feira, 18 de setembro de 2018

I am "in Hell.".. ou será em Hull?

O que faria uma pessoa aparentemente sã da cabeça, deixar Portugal, a família, o noivo, o cão, os amigos e as suas três casas para vir para Hull, sozinha, viver numa casa de estudantes recomeçar um doutoramento do zero?

No meu caso fui trazida. Dito assim parece que não foi uma escolha consciente e no fundo não foi. Mas talvez seja melhor começar a história desde início.

 Eu quero já há muito tempo concluir o Doutoramento, andei na Universidade de Coimbra, mas depois de concluir o ano curricular e ter o Projecto de tese aprovado tive o equipamento base do que seria a minha tese avariado, as pessoas ligadas ao projecto daquele equipamento afastaram-se e eu andei desde Outubro de 2014 a Outubro de 2016 com a perspectiva de uma tese que não era possível, pois apesar de ter um projecto aprovado não tinha o equipamento no qual este pudesse ser realizado. Depois de em Setembro de 2016 saber que o meu contrato de trabalho não seria mais renovado se não obtivesse o Doutoramento até 2017 pressionei o meu orientador e lá me encontraram outro tema de tese, mas o medo foi mais forte e fiquei preocupada que semelhante situação se repetisse.

Devo realçar que apesar disto o meu Orientador foi incansável na tentativa de arranjar soluções, mas encontrava-se ele próprio limitado nos projectos em que me podia inserir devido ao meu tempo limitado e ao ambiente,  tenho dele a melhor impressão possível.

Ponderei aceitar o novo tema, mas acabei por julgar ser preferível recomeçar do zero noutro sítio, desta vez com um foco total nos estudos e com um doutoramento financiado.

Entretanto tivemos na Escola a possibilidade de prorrogar o contrato por mais um ano que eu aceitei, e que aproveitei para finalizar os projectos em que estava envolvida lá e para organizar este meu recomeço.

Comecei por fazer o IELTS, e tive de repeti-lo para ter um mínimo de 7 (fluência). Eu só estudei inglês do 7º ao 9º ano.
Foi talvez o maior obstáculo para mim.
Para conseguir passar comecei a ser voluntária no ensino do inglês na Universidade Sénior de Moscavide e no SPEAK. Ajudou-me grandemente a aprendizagem informal que tenho tido ao longo da vida e o contacto com o loiro com quem comunico quase sempre nesta língua.

Depois disto fiz listas das universidades e doutoramentos com bolsas que me poderiam interessar, todos nas áreas afins ao que estudei ou investiguei um pouco pela Europa toda. A minha preferência ia para a Alemanha, seguida da Suécia... Mas as primeiras entrevistas foram aqui e quando fui aceite acabei por não ter coragem de rejeitar a oferta e continuar à procura.

Tenho perfeita noção que na maioria dos países alguém decidir fazer o Doutoramento com bolsa aos 33 é loucura e que os estudantes juniores são altamente preferidos. Que ter conseguido foi uma sorte e se deve a todas as coisas profissionalmente interessantes que os 10 anos de ensino na ESTeSL me proporcionaram.

Assim, armada com optimismo,  perseverança, sentido de sacrifício e incentivos dos que me amam  acabei por fazer esta grande mudança.

A minha primeira impressão da Universidade é boa, ainda que os meus supostos orientadores tenham saído e me estejam a empurrar para outros (começo a achar que estou embruxada nestes percalços de doutoramento). A cidade não é fantástica mas tem sítios bonitos.


E o título?

O título vem duma piada que o loiro criou quando eu lhe disse que vinha para Hull só por 4 anos.

Ele respondeu-me: - 400 years in Hell? Just 400 Years?

É agora a nossa piada, porque de facto estes 4 vão saber a 400 longe dele e ainda que possa haver uma certa beleza na aventura, todas as escolhas trazem coisas boas e más e a minha afasta-me das pessoas de quem gosto e que são o meu Porto seguro.

Não há vidas fáceis... mas pelo menos enquanto infeliz dá-me para escrever, é só chato, não muito nocivo. :D

p.s.- A outra hipótese é eu não ser aparentemente sã da cabeça... 




Vista de um parque que descobri hoje na minha caminhada habitual.




If BY RUDYARD KIPLING





If you can keep your head when all about you   
    Are losing theirs and blaming it on you,   
If you can trust yourself when all men doubt you,
    But make allowance for their doubting too;   
If you can wait and not be tired by waiting,
    Or being lied about, don’t deal in lies,
Or being hated, don’t give way to hating,
    And yet don’t look too good, nor talk too wise:

If you can dream—and not make dreams your master;   
    If you can think—and not make thoughts your aim;   
If you can meet with Triumph and Disaster
    And treat those two impostors just the same;   
If you can bear to hear the truth you’ve spoken
    Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
    And stoop and build ’em up with worn-out tools:

If you can make one heap of all your winnings
    And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
    And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
    To serve your turn long after they are gone,   
And so hold on when there is nothing in you
    Except the Will which says to them: ‘Hold on!’

If you can talk with crowds and keep your virtue,   
    Or walk with Kings—nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you,
    If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
    With sixty seconds’ worth of distance run,   
Yours is the Earth and everything that’s in it,   
    And—which is more—you’ll be a Man, my son!







Tese e Desafios

Eu acho que me tinha esquecido como é começar algo.  Tive o mesmo trabalho por 10 anos, aprendi imensas coisas lá, mas com o tempo habi...