Eu não sou uma pessoa de odiar a sério.
Se pensar bem não guardo rancores, acabo por esquecer e com o tempo até querer bem a pessoas que de algum forma me prejudicaram.
Ainda assim tenho uma tendência para odiozinhos de estimação. O meu último odiozinho de estimação são as publicações dos grupos de noivas do facebook e esta febre dos casamentos.
Eu sempre tive intenção de me casar, sou totalmente pró-casamento, respeito os casais que não o fazem mas para mim é algo que sempre fez sentido. Adoro casamentos, o ambiente de felicidade, de esperança, de Bem querer, é algo que me derrete.
Ainda assim, e mesmo com este grande amor por casamentos, detesto esta febre de que as noivas parecem agora tomadas. É exagero! É exagero que tudo tenha de combinar com tudo! É exagero que se peçam opiniões no grupo da vida privada do casal! É exagero que se queixe da sogra publicamente! É exagero as encenações de pedidos só para show off! É exagero obrigar o noivo a vestir com as exactas cores do casamento e decidir tudo sem ele! E tantas outras coisas que acabam por ser muito de casamento mas muito pouco de casal.
Eu vejo estas coisas e dou comigo a achar que pelo caminho de nos preocuparmos com o exterior perdemo-nos a nós como indivíduos e como casais.
No lado oposto conto-vos a experiência do meu casamento preferido dos últimos tempos foi o casamento de uma amiga minha cá em Hull. Depois da missa foi feito um barbecue, no quintal deles. Estava tudo enfeitado e lindo, a família ajudou a preparar coisas e havia um ambiente de descontração e felicidade total que adorei.
O meu casamento vai ser um dia particularmente infeliz, fazem lá falta pessoas que apesar de já não estarem entre nós amo muito e que sei que queriam viver este momento. Mas ainda assim se puder ter um desejo é o de que se aproxime deste de que vos falei. Que o sentimento de amor, família e amizade seja muito superior ao sentimento de perfeição que abomino cada vez mais.
Termino isto a aconselhar-vos a juntarem-se aos grupos das noivas do facebook. Se já se tiverem casado ou não pretenderem fazê-lo podem na mesma, têm sido uma das razões de riso dos últimos tempos. Acabo a divertir-me com aquelas coisas. Até ter entrado nunca me tinha dado conta que ainda vivemos numa qualquer realidade alternativa dos anos 50, em que as mulheres se querem sem maior ambição que casar e ter uma festa bonita para fazer inveja às "amigas".
Eu sou a Eva e este é um espaço para fazer uma das minhas coisas preferidas ....escrever sobre tudo e sobre nada...
statcounter
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
segunda-feira, 2 de setembro de 2019
Ensinamentos
Há dias na vida de adulto em que nos sentimos como crianças abandonadas. É como se nos tivéssemos perdido da mão da mãe ou do pai num mar de gente e não soubéssemos bem o que fazer para os encontrar.
Hoje sinto-me assim, com falta de uma direcção, de um guia que me ajude a tomar as decisões certas.
Há mais ou menos 12 anos tive uma altura semelhante na vida, estava a meio do segundo ano de mestrado e por atrasos diversos da universidade só a começar a tese de mestrado, habituada a ter sucesso, sentia-me a falhar na vida e que todas as minhas escolhas até aí tinham sido erradas. Estava presa no mestrado errado, na relação errada, no amor errado, presa numa vida em que sentia não ser a que queria viver.
Comecei a ter algumas fobias, passava os dias a comer, chorar, dormitar durante o dia, acordada à noite. Vestia-me para sair de casa e chegada à rua não conseguia sair da porta do prédio. Completamente bem vestida e maquilhada voltava para cima retirava tudo e continuava fechada. Isto durou mais ou menos dois meses.
Um dia, no final destes dois meses, o meu pai foi-me buscar e levar-me de Lisboa para a terra para eu recuperar. Eu e o meu pai não éramos pessoas de conversas muito profundas. Tínhamos uma relação mais de cão gato, e em geral ele em casa era mais o género de pessoa de ouvir as conversas entre nós as mulheres sorrindo sem participar muito. Ainda assim nesse dia, só nós a caminho da terra, eu a sentir-me na vida como se me afundasse em areias movediças, ele disse-me:
Pai- Sabes não há mal nenhum em desistir, em falhar, em mudar de direcção. Eu tinha tudo planeado, ir estudar desporto depois tive o acidente e acabei por ir estudar outra coisa e sou feliz. Gosto mesmo muito Se não te sentes bem onde estás muda. Começa outra coisa.
Não me lembro do que respondi, mas este saber que podia falhar foi a coisa mais libertadora da minha vida. Na altura decidi desistir do mestrado e ir começar a licenciatura de Engenharia física em Coimbra. Continuei a tese mais por hobbie, mas a achar que quando começasse o ano a ia abandonar. A minha Mãe levou-me ao médico de família, ele receitou-me medicação para dormir, que nunca cheguei a tomar. Comecei a dizer às pessoas que ia abandonar o mestrado, porque assim pensava. Fui aceite em Engenharia física, onde por equivalências tinha um ano feito e passados uns meses fui chamada para a escola e acabei por me voltar a focar no mestrado e a acabá-lo já a trabalhar.
Mas acho que tudo se curou em mim com esta conversa, com o tempo que tive a seguir em família com os novos planos que fiz na minha cabeça e nunca cheguei mesmo a viver. Acho que foi a segunda vez que o meu Pai me salvou a vida.
Neste momento não o tenho para me vir buscar e resolver tudo. Acho que é isto que perdemos com a perda dos Pais, uma parte do nosso mundo morre com eles a parte que nos suporta. É este sentimento de desamparo que estou a ter muita dificuldade em superar.
Sinto que outra pessoa raivosa ocupou o meu corpo, sinto-me profundamente irritada com os mais próximos sem razão, grito com a minha mãe sem querer. Algo muito negro está a ocupar a pessoa relaxada, feliz e amorosa que costumo ser.
Não esperava que tanta pessoa lê-se e comentasse o meu post anterior, nem procuro piedade. Escrevo porque escrever me ajuda. Para mim é natural. É como se tivesse conversas comigo e com os ensinamentos das pessoas que fazem e fizeram parte da minha vida e ficaram. Escrevo um diário mais privado, mas escrever de forma pública ajuda-me a esforçar-me mais por ser consistente, é mais fácil mantermo-nos no trilho quando dizemos a toda a gente do que quando só nos prometemos a nós. Por isso escrevo para o público.
Eu não quero desistir do que estou a fazer, mas preciso duma mudança. De subir do fundo do poço a pouco e pouco. E talvez chorar ajude de facto, como se com o caudal das lágrimas o poço fosse enchendo e nos ajudasse a subir. Há sofrimentos que temos de viver bem vividos para ultrapassar. Estou nessa fase, mas ainda acredito num amanhã melhor..
P.s. A foto é do primeiro dia em que conduzi a autocaravana, o meu Pai ensinou-me. Foi nas férias de verão de 2017, conduzi um pouco por toda a Europa. Este ano fui eu que a levei quando fui uns dias de férias com a minha Mãe. Talvez como no resto na vida, seja aplicar as ferramentas que me deixou.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Tese e Desafios
Eu acho que me tinha esquecido como é começar algo. Tive o mesmo trabalho por 10 anos, aprendi imensas coisas lá, mas com o tempo habi...
