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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Conversas com o loiro

Eu sou firmemente decidida quanto às grandes coisas que quero na vida e completamente indecisa em relação às pequenas.

Na preparação do meu  casamento com o loiro descobri muito rápido o que para mim era necessário e o que era acessório. 
Claro que sofri um grande golpe com a perda do meu Pai e só consigo pensar no dia como uma ocasião agridoce em que ele não estará. Logo ele que andava tão entusiasmado com os planos! Ainda assim, viver este tipo de ligação com o loiro e com Deus é algo que quero muito.

Uma das coisas em relação à qual eu não estou ainda decidida é a questão de ter despedida de solteira, se uma em Portugal e outra cá, se só uma lá, se nenhuma. 
Há coisas que sei que não gosto. Para ser honesta acho as despedidas de solteira uma foleirice. Mas a ideia de ir sair com os meus amigos é sempre agradável e uma coisa mais simples não está totalmente fora do plano.
Já o Loiro decidiu que não quer festa de despedida de solteiro. Eu tentei convencê-lo a ter pelo menos uma mini despedida de solteiro com os irmãos ou assim:

...
Eu- Mas tens a certeza que não queres mesmo?
Loiro- Tenho!
Eu- Mas porquê?!! Tens a certeza que não te vais arrepender?
Loiro- Tenho. Casar não é uma coisa má, por isso não faz sentido que a pessoa se tenha de despedir de ser solteiro.

Nesta última frase ele relembrou-me duas das coisas que realmente me apaixonam nele. O facto de ele pensar sempre pela cabeça dele até ao mais ínfimo detalhe e a segurança com que abarca cada uma das suas decisões depois de tomada. 

Não acredito que só o amor seja suficiente para manter uma relação, tem de haver mais. Tem de haver comprometimento, compatibilidade, tolerância, admiração, atracção, objectivos partilhados, responsabilidade...

Mas no amor tudo deve ser mais fácil, se exige muito esforço para resultar não é a sério.
 E sinto isso em relação ao loiro. Sinto que torna a vida fácil.
 Ao lado dele mesmo os momentos mais amargos perdem um bocadinho da amargura porque me sinto entendida e acompanhada. 

Amor é isto! 
É sentir mais saudade dos momentos rotineiros que dos fantásticos. 
É saber que no fundo mais importante do que a viagem ou o que se faz é a pessoa que nos acompanha. 

O loiro ensina-me todos os dias que os amores espectaculares não pertencem só nas páginas dum livro, mas podem ser criados por pessoas de carne e osso, com falhas e qualidades, por pessoas reais como eu e Ele.




sábado, 13 de julho de 2019

Dizem que o amor nos muda

Dizem que o amor nos muda, que é inevitável que em qualquer relação de amor nos comecemos a parecer mais e de certa forma nos aproximemos através da transformação. Eu acredito nisto e tem sido engraçado ver a transformação que a relação com o loiro tem operado em mim.

Apesar de tentar ser consciente em relação ambiente e pessoas, sempre o fui de forma muito incompleta.

Levo os meus sacos para o supermercado desde antes de ser moda, tento comprar em lojas locais de frutas e legumes, sou paranóica com  reciclagem, opto sempre por transportes públicos... e tudo isto são hábitos que considero bons!
 Por outro lado sou um bocado viciada em compras (a segunda indústria mais poluente), uso imenso plástico e sou um pouco uma acumuladora.

O loiro é minimalista já há muito tempo, vive aquele tipo de vida simples, desapegado de objectos, pouquíssimas roupas compradas em sítios com produção europeia....Eu o total oposto!

Desde que vim para Hull, trouxe apenas o essencial e deixei o Blondy viver no nosso apartamento com as minhas roupas.  Com esta mudança dei comigo a pensar seriamente se faz sentido ter tanta coisa.
Mudei muito neste último ano. Aprendi a ver o essencial e a cortar o supérfluo para que não me distraia do que realmente interessa. As pessoas que amo, os meus objectivos, o meu papel no mundo...

O exemplo é sempre mais educativo que a pressão e realmente nisto o loiro tem razão. Simplificar a vida e viver em harmonia com o ambiente e o mundo faz-nos mais felizes. 

Por isso, decidi finalmente adaptar-me a este estilo de vida mais simples, comprar apenas o necessário, evitar o desperdício, desapegar-me um pouco mais do material e tentar evitar tudo o que pertence a lojas de fast fashion. Vamos lá ver como me saio nisto. é uma grande mudança da pessoa que eu era há cerca de um ano, mas sinto-me finalmente pronta.


Não quero ser mais parte do problema!


P.s. Se puderem vejam o documentário da netflix true cost, choca-nos mas vale a pena ser visto.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Como um estrangeiro entende português...


Hoje tive uma conversa engraçada com o loiro que vos deixo aqui.

Para contextualizar, tenho de explicar que há três semanas o meu loiro foi operado a um pé e desde aí tem estado a recuperar. Esta semana começou a fisioterapia. Vindo da fisioterapia tivemos esta  conversa. Nós  comunicamo-nos sempre em inglês, e ainda que na vida normal com outras pessoas em Portugal ele já fale português às vezes acontecem situações cómicas. Para que entendam todas as palavras que no original nós dissemos em português vou colocar entre aspas, tudo o que estiver fora de aspas foi dito em inglês.
Escuso dizer que apesar de a linguagem ser um bocadinho ofensiva não é minha intenção ofender ninguém, estou a reproduzir a forma como o trataram na consulta...

Eu- Então como correu a fisioterapia?
Loiro- Correu bem mas o fisioterapeuta chamou-me "marisco".
Eu- "Marisco"? Porquê?
Loiro- Estava a fazer-me doer e eu estava preocupado que a dor não fosse normal e queixei-me e perguntei se era suposto doer, então ele chamou-me "marisco". Disse:"Estes homens hoje são uns mariscos!".
Eu- Não terá sido "maricas"?
Loiro- Ah, pois foi isso!


Eu lá lhe expliquei o insulto, ele ficou mais sossegado por ter sido uma piada, mas queixou-se de que a pessoa tem de saber se estas coisas são normais ou não.

 E eu fiquei a pensar que todo este processo da cirurgia me tem ensinado como a abordagem à saúde é diferente nos dois países:

-Quando o médico diz que lhe responde e demora dois dias a responder, eu acho normal, ele acha que ele não é confiável. 
-Quando as consultas estão atrasadas, eu acho que é normal, ele acha que o médico não é confiável. 
-Quando gozam com ele numa consulta, eu acho normal que é para relaxar, ele acha uma falta de respeito. 

Eu não sei bem o que está mesmo certo, sei que os nossos profissionais fazem o melhor possível com os meios à disposição. Mas talvez exista mesmo uma necessidade de reorganização dos serviços, em que as pessoas tenham um sistema mais previsível, mais respeitoso, em que os pacientes sintam que se podem queixar e perguntar à vontade. 
A nossa saúde ainda é muito centrada no Médico e menos no doente e  há um caminho a fazer. Acho que no fundo nós portugueses normalizamos um sistema que não devia ser visto como normal.
Talvez no meio esteja mesmo a virtude e uma coisa entre os dois extremos que conhecemos entre Portugal e a Alemanha pudesse ser possível, em que se brincasse com o doente de forma não ofensiva... uma realidade em que as pessoas se sentissem ouvidas e atendidas de forma competente.

Deixo uma foto do loiro quando acordou da cirurgia: 



P.s. Ele não vai gostar, mas a verdade é que mesmo pouco depois de acordar da anestesia  o acho super giro. 😻

sábado, 6 de julho de 2019

Lutas que não são só nossas

Eu tendo a viver a minha vida de forma muito transparente. 

Acho que isto vem do facto de eu perseguir a felicidade e  acreditar que um dos caminhos para a atingir é manter os nossos interior e exterior em harmonia, congruentes. Assim vivo para mim mais do que para os outros, ainda que ironicamente o escrever sobre a minha vida num blogue e tentar ser honesta sobre as minhas lutas e dificuldades o sejam na medida em que esta informação está disponível para os outros.

Nos últimos meses não escrevi pois com a morte do meu Pai fiquei um pouco apática em relação ao mundo, tenho vivido esta dor de forma pessoal e de certa forma isto fez-me fechar em mim mesma e procurar mais a companhia dos que amo. Mas voltei a sentir vontade de escrever de novo, escrever é como que uma paixão que me liberta,  parece certamente exagerado, mas é como o sinto. Uma grande amiga minha disse me uma vez que os meus blogs são um pouco como diários abertos, em que quem me conhece me revê aqui inteiramente. Os altos e baixos, as vitórias e lutas...

 Uma das lutas que travei de forma pública em conjunto com o meu loiro foi o facto de ele ter sofrido de depressão e as dificuldades que enquanto casal a dado ponto isso nos causou. Felizmente e apesar de os estados mentais terem sempre de ser vigiados e reavaliados de tempo a tempo, conseguimos encontrar um equilíbrio em que o "dragão" dele se foi tornando mais pequeno e adormecido e é agora uma espécie de estimação com a qual brincamos no nosso dia a dia, enquanto construímos sonhos e a nossa vida conjunta.

Há algum tempo num jantar em que se falou de doença mental contei esta nossa situação. Esta semana uma rapariga a quem eu conheço de vista  que estava lá, quando por acaso me viu na internet lembrou-se disso. Estava em desespero! Ela e o namorado estão a viver uma situação semelhante à que eu e o loiro vivemos. E apesar de eles estarem a procurar os cuidados médicos especializados que necessitam, saber que alguém passou por isso e está do outro lado das crises de pânico, do outro lado do sofrimento que isso causa, deu-lhes ânimo no futuro.

Por norma as pessoas criticam a minha abertura, o facto de eu ser talvez demasiado honesta em relação aos meus fracassos até mais do que às minhas vitórias. Parece que só conto o fado da desgraçadinha. Mas por uma vez o facto de eu ser tão aberta em relação às lutas da minha vida trouxe um resultado muito positivo. Ajudou alguém!

Talvez esta minha personalidade estranha e um pouco louca seja a minha forma de equilibrar o mundo e ir ultrapassando desafios sem desistir, talvez o meu optimismo e confiança no mundo mesmo na desgraça e estes óculos rosa com que vejo tudo sejam no fundo uma força em vez de fraqueza. 

Vou acabar este pequeno "testamento" com uma expressão que me disseram há uns meses e que adorei, era suposto ser um insulto mas foi tão inesperado e criativo que passei a usar como medalha:"Tu passas pela vida como quem caga arco-íris e unicórnios" 😎

Não acham que me assenta realmente bem?







Tese e Desafios

Eu acho que me tinha esquecido como é começar algo.  Tive o mesmo trabalho por 10 anos, aprendi imensas coisas lá, mas com o tempo habi...