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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Como sobrevive o optimismo?

A passagem do Ano é um tempo de optimismo!

 Eu não tenho muito de tendência cínica e como tal não pertenço aos que se queixam de haver datas comerciais e assim. Por norma acredito que todos os momentos que nos façam parar aproveitar a vida, as pessoas que nos rodeiam e nos ajudem a ser felizes são benvindas. 

Apesar disto não costumo ter festas felizes. Não gosto muito do Natal, sinto-me sempre muito nostálgica, odeio fazer Anos desde que me lembro apesar de gostar que as pessoas se lembrem de mim no dia, gosto de fazer resoluções e de organizar tudo para o Novo Ano porque sou uma optimista, mas ou estou doente no dia ou acontece sempre qualquer coisa que me impede de ter uma passagem do ano fantástica. 

Este ano passámos um Natal particularmente terrível devido à morte do meu Pai e outros problemas graves que nos estão a acontecer como família agora, não se augura um 2019 positivo.
Até Dezembro estava a ser um ano razoavelmente bom, com muito trabalho e mudanças mas pelo menos com optimismo. Isto veio mudar isso em mim. 

Uma das coisas que as pessoas me costumam dizer que admiram é eu ser optimista e conseguir ultrapassar as dificuldades sem me deixar abater, mas por norma não são dificuldades tão grandes...

Hoje, faço o balanço do Ano e pergunto-me: como sobrevive o optimismo a sabermos que a nossa vida pode derrapar de tal forma num segundo?

A pessoa que eu usava como modelo de resiliência era o meu Pai. O facto de ele ter tido uma acidente que o deixou com uma deficiência grave no início dos 20, de ter depois disso recuperado muito mais do que os profissionais de saúde acreditavam ser possível, de se ter casado, ter filhos, estudado, mudado de carreira e de viver a vida como se não tivesse problema nenhum que o limitasse foi sempre o meu modelo de força.

Um dia numa época da minha vida em que repensava mudar de direcção e me encontrava particularmente infeliz ele veio buscar-me a Lisboa e no caminho para a terra disse-me que não há mal nenhum em falhar, não há mal nenhum em mudar de direcção e que ele próprio tinha tido de recomeçar tudo do zero conta vontade, de refazer todos os planos e sonhos e que ainda assim correu tudo bem.

O optimismo, resiliência e força dele moldou-nos como pessoas a mim e à minha irmã. Fez-nos acreditar que se quisermos as coisas e trabalharmos para elas, estas acontecem. A minha mãe é também uma das poucas sonhadoras de 60 anos e isso sempre nos ajudou a lançarmo-nos para o mundo sem grande medo.

Mas como viver estas verdades sem o modelo que no las inspira?

Neste momento sinto-me sem força para continuar a remar contra a maré. Sinto o meu optimismo completamente esmagado, não vejo muito o propósito de tudo e penso que pela primeira vez desde que me conheço não tenho resoluções concretas de Ano Novo.

Assim este ano desejo sobretudo que consiga fazer as pazes comigo mesma, com toda esta situação e que 2019 me traga esta força e optimismo que ajudam a escalar as montanhas da vida.

Nem de propósito hoje um conhecido meu enviou-me uma mensagem de Ano Novo a desejar-me optimismo, vou colocar aqui a imagem. 

Este ano não me proponho a atingir nada, proponho-me a sobreviver e a estar aberta a que coisas boas voltem a inundar a minha vida. Porque fora nestas situações de catástrofe em que nada de bom se consegue retirar, a felicidade está na maneira como olhamos para as coisas, e eu preciso de reaprender a olhar com leveza para o mundo que me rodeia, sem medo, com confiança.


Quero realmente um optimismo como o da pessoa que pensou compôr este pilar com fita-cola.





segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Uma História de Natal (real)

Hoje encontrei esta  notícia

É sobre um Hotel em Hull, que tinha reservas através duma instituição de caridade, para sem abrigo lá ficarem duas noites durante o Natal e que cancelou a reserva... Tendo eu própria  uma história sobre este Hotel e  um sem abrigo numa situação aflitiva que vivi, decidi contá-la a seguir:

Na passada quarta-feira 12 de Dezembro  por volta das 23 h soube que o meu Pai tinha sofrido um acidente horrível de viação e perdido a vida. 
Fiquei completamente desorientada! E naquelas terríveis horas, de quarta para quinta-feira, ainda  tinha muita coisa para preparar... reservei a viagem de comboio de Hull para Manchester, comprei uma nova viagem de avião, fiz a mala, tomei banho e chegada por volta das 2 da manhã estava pronta para sair de casa.

 O meu comboio era por volta das 5 e meia  da manhã mas eu estava num tal estado de desespero e ansiedade que não conseguia estar naquele quarto onde vivo. Uma vez que já tinha passado parte duma noite na estação em Manchester achei que talvez ir para a estação de comboios em Hull me fizesse sentir menos em crise... pelo menos via pessoas. Foram momentos de desespero.

Chegada à estação dei-me conta de que em Hull ao contrário de em Manchester a estação estava fechada. Fiquei na rua, estava um frio gélido, sem vontade de voltar para o quarto e à beira do colapso. 

Tive a ideia de ir para o café deste hotel da notícia, de tomar qualquer coisa enquanto aguardava pela abertura da estação às 5h, o café/ bar do Hotel estava cheio de gente a beber relaxadamente... Um senhor do Hotel após eu chamar, chegou à entrada, olhou para mim, e recusou-me a entrada. Eu expliquei a minha situação e ele disse que não podia fazer nada, mas que devia ir ao centro comercial ali perto que tinha um supermercado aberto 24 horas.

Chegada ao centro comercial, estava tão desorientada que fui para a Porta errada e não conseguia entrar. Veio um sem abrigo que me mostrou como entrar, me perguntou como eu estava e por me ver tão mal me conduziu até uns bancos no meio do centro comercial (debaixo das câmaras de vigilância) e me disse que ia ficar por perto só para eu não estar sozinha naquele estado.

Tem 35 anos, chama-se Adam, é polaco, tinha estudado astrofísica na Universidade de Hull, mas não acabou o curso. Tinha qualquer problema de saúde mental pelo que me apercebi, trazia um livro dos evangelhos e para me acalmar começou a ler-me partes a dizer que Deus consola e que é o Nosso grande Pai. 

Quando chegou a hora da estação abrir disse-me que ia à vida dele, procurar cigarros, e desejou-me boa sorte para a longa viagem que ainda me esperava...

Isto parece uma história de livro... foi real, ponto por ponto e ensinou-me algumas coisas.

Aprendi que nos piores momentos de desespero, quando pensamos que Deus nos abandonou ele se mostra de alguma forma, tal como no texto das pegadas na areia.

Ensinou-me que a educação, não define o rumo.

Ensinou-me que os mais desesperados podem ser os primeiros que nos acodem, quando em desespero.

Mostrou-me que talvez eu deva fazer mais por estas pessoas, tão iguais a mim, que provavelmente por difíceis circunstâncias tenham tido uma vida tão horrível. Eu sempre fui uma pessoa empática e dou praticamente sempre dinheiro às pessoas que vejo na rua, o meu namorado até brinca comigo a dizer que assim nunca mais chegamos a ricos. Mas realmente o que faço não é suficiente para o que me foi feito. Não sei bem como nem o quê, mas cresceu em mim a firme intenção de ajudar duma forma mais concretas os sem abrigo, depois disto tudo.

Por agora começo a contar esta história, talvez melhore a atitude de algumas pessoas face a estes homens e mulheres.






terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Gorda Procura vestido: Noivas plus size

É universalmente sabido que uma mulher solteira que fica noiva procura o vestido perfeito...

Que me perdoe a Jane Austen pela atabalhoada adaptação da sua frase perfeita...

Mas acho que não há mulher no mundo que não queria estar linda no casamento, isto é uma coisa que ultrapassa culturas, geografias, idades e personalidades. As noivas têm gostos diferentes, mas à sua maneira cada uma quer ser original, magnífica, verdadeira a si mesma e perfeita no dia do casamento.

No meu caso  o facto de eu ser gorda e de segundo prevejo estar gorda no casamento, dificulta isto. Não é costume... a maior parte das mulheres quando se casa está magra ou então conforma-se. A sociedade diz -lhe que não pode sonhar com o vestido que quer, que deve escolher um determinado tipo (quiçá uma tenda), que distraia as pessoas do seu imenso tamanho.

Para a minha mãe esta coisa de ter duas filhas a casar gordas é um imenso desgosto! Primeiro foi a minha irmã que estava absolutamente lindíssima no casamento, o ser gorda não diminui em nada o facto de estar perfeita e radiante. Não digo isto por ser irmã, acho mesmo que  ela conseguiu o que as noivas todas querem... E agora eu, que ao que tudo indica vou casar também muito gorda...

Quando fui com a minha irmã às lojas de noiva foi também o primeiro impacto que tive com esta forma como as mulheres gordas são tratadas nestas situações. Parece que a norma é achar que uma gorda não deve exigir nada no vestido e contentar-se com o primeiro saco de batatas branco que aparece.

Ora comigo foi mais ou menos o mesmo:

No primeiro dia em que fui ver vestidos fui sozinha, numa das lojas da Baixa foram super simpáticas mas como a simpatia se paga cara acrescentaram 1000€ ao vestido caso eu o quisesse.  Um vestido que seria assim na ordem dos 1600€ para uma mulher de tamanho normal, para mim por ser gorda passaria para os 2600€. Eu acredito que os vestidos das gordas levam mais tecido, mas contando o tamanho todo dum vestido de noiva e o que é pago pelo design, a loja e tudo isso acredito que tão excessivo aumento seja apenas devido ao preconceito.

No segundo dia  fui ver vestidos com o loiro. Os meus pais escolheram os fatos juntos e eu achei uma ideia engraçada. Mas a experiência foi profundamente deprimente, a ele toda a gente o tratou incrivelmente bem em todas as lojas, a mim trataram-me como se eu fosse um mamute... Numa outra loja da baixa disseram-me. - "Não pode esperar muito, os vestidos das gordas são os que saem primeiro".
O que me deixou a pensar que é falta de visão de negócio não investir então mais nestes vestidos de gordas, afinal as gordas também se querem casar e sentir bonitas... Debaixo das banhas somos mulheres normais, com desejos e sonhos,como qualquer outra.

Na terceira vez, enfiaram-me num vestido quase à força que era em tudo o contrário do que eu disse que gostava, foram simpáticas mas não gostei que ignorassem os meus gostos. No final perguntaram: -"Então o que gosta neste vestido?"
 E eu respondi: -"Nada!"

No final e apesar de eu não fazer acordos de publicidade no blog com ninguém, acho que o bom comportamento deve ser premiado e coloco aqui duas lojas em que fui muito bem atendida para que outras mulheres gordas possam encontrar uma solução, sem sofrer todo este processo torturoso indo a um sítio onde a deixem sentir  a mulher linda que é!

Uma é a Arte & Chic em Samora Correia, foi onde a minha irmã comprou o vestido dela. Eu também lá fui e fui muito bem tratada, as senhoras são super amorosas e pacientes e tem uma grande variedade de vestidos.  Não comprei o meu  lá porque entretanto me tinha apaixonado por outro, numa Loja em Lisboa, o que era mais conveniente.

A outra foi onde comprei o meu vestido. É a  Pronovias, eles têm uma linha só de vestidos plus size, ainda que eu tenha escolhido um da linha normal. As senhoras foram também super simpáticas e atenciosas comigo, foi contudo um processo moroso para poder fazer marcação, experimentar o vestido, arranjar dias em que o vestido estivesse disponível quando a minha mãe, irmã, mini sobrinha e futura sogrinha pudessem ir comigo.

No final de tudo isto cheguei à conclusão que a única coisa  mais complicada do que comprar roupa normal quando se é gorda? É comprar o vestido de noiva, quando se é gorda e que ainda que isto esteja a mudar, não chegámos ainda ao ponto onde devíamos.






domingo, 9 de dezembro de 2018

Saudade é a palavra cheia do vazio,



 Saudade  é a palavra cheia do vazio


Sinto-me estranha,
Falta tão pouco para casa
E o tempo alarga, sem parar,
Como um elástico
Cada hora dura agora mais...
o relógio não avança teimoso. 

Saudades da minha vida,
Da vida que vivia feliz sem saber,
Do espaço que era meu sem o ser,
Saudades da família...
Do meu loiro e do cachorro.
Saudade dos amigos,
Das pessoas que me fazem  confortável
Por não ser mais ninguém
Do que apenas eu!

Saudade de conversas antigas repetidas,
Das palavras que nem preciso de falar
Para nos sentirmos bem entendidas 
Num cruzamento do olhar.

Saudade não tem tradução, 
Mas se me pedissem para descrever
Um tão complicado sentimento
Eu diria de forma simples:
- Na saudade cabe tudo!
A saudade é tão somente:
-Uma palavra cheia do vazio.


Eva Maria Valério de Sousa



Tese e Desafios

Eu acho que me tinha esquecido como é começar algo.  Tive o mesmo trabalho por 10 anos, aprendi imensas coisas lá, mas com o tempo habi...