A passagem do Ano é um tempo de optimismo!
Eu não tenho muito de tendência cínica e como tal não pertenço aos que se queixam de haver datas comerciais e assim. Por norma acredito que todos os momentos que nos façam parar aproveitar a vida, as pessoas que nos rodeiam e nos ajudem a ser felizes são benvindas.
Apesar disto não costumo ter festas felizes. Não gosto muito do Natal, sinto-me sempre muito nostálgica, odeio fazer Anos desde que me lembro apesar de gostar que as pessoas se lembrem de mim no dia, gosto de fazer resoluções e de organizar tudo para o Novo Ano porque sou uma optimista, mas ou estou doente no dia ou acontece sempre qualquer coisa que me impede de ter uma passagem do ano fantástica.
Este ano passámos um Natal particularmente terrível devido à morte do meu Pai e outros problemas graves que nos estão a acontecer como família agora, não se augura um 2019 positivo.
Até Dezembro estava a ser um ano razoavelmente bom, com muito trabalho e mudanças mas pelo menos com optimismo. Isto veio mudar isso em mim.
Uma das coisas que as pessoas me costumam dizer que admiram é eu ser optimista e conseguir ultrapassar as dificuldades sem me deixar abater, mas por norma não são dificuldades tão grandes...
Hoje, faço o balanço do Ano e pergunto-me: como sobrevive o optimismo a sabermos que a nossa vida pode derrapar de tal forma num segundo?
A pessoa que eu usava como modelo de resiliência era o meu Pai. O facto de ele ter tido uma acidente que o deixou com uma deficiência grave no início dos 20, de ter depois disso recuperado muito mais do que os profissionais de saúde acreditavam ser possível, de se ter casado, ter filhos, estudado, mudado de carreira e de viver a vida como se não tivesse problema nenhum que o limitasse foi sempre o meu modelo de força.
Um dia numa época da minha vida em que repensava mudar de direcção e me encontrava particularmente infeliz ele veio buscar-me a Lisboa e no caminho para a terra disse-me que não há mal nenhum em falhar, não há mal nenhum em mudar de direcção e que ele próprio tinha tido de recomeçar tudo do zero conta vontade, de refazer todos os planos e sonhos e que ainda assim correu tudo bem.
O optimismo, resiliência e força dele moldou-nos como pessoas a mim e à minha irmã. Fez-nos acreditar que se quisermos as coisas e trabalharmos para elas, estas acontecem. A minha mãe é também uma das poucas sonhadoras de 60 anos e isso sempre nos ajudou a lançarmo-nos para o mundo sem grande medo.
Mas como viver estas verdades sem o modelo que no las inspira?
Neste momento sinto-me sem força para continuar a remar contra a maré. Sinto o meu optimismo completamente esmagado, não vejo muito o propósito de tudo e penso que pela primeira vez desde que me conheço não tenho resoluções concretas de Ano Novo.
Assim este ano desejo sobretudo que consiga fazer as pazes comigo mesma, com toda esta situação e que 2019 me traga esta força e optimismo que ajudam a escalar as montanhas da vida.
Nem de propósito hoje um conhecido meu enviou-me uma mensagem de Ano Novo a desejar-me optimismo, vou colocar aqui a imagem.
Este ano não me proponho a atingir nada, proponho-me a sobreviver e a estar aberta a que coisas boas voltem a inundar a minha vida. Porque fora nestas situações de catástrofe em que nada de bom se consegue retirar, a felicidade está na maneira como olhamos para as coisas, e eu preciso de reaprender a olhar com leveza para o mundo que me rodeia, sem medo, com confiança.
Quero realmente um optimismo como o da pessoa que pensou compôr este pilar com fita-cola.